segunda-feira, 9 de julho de 2018

Saiba mais: Revolução Constitucionalista de 1932

Revolução Constitucionalista de 1932, também conhecida como Revolução de 1932 ou Guerra Paulista, foi o movimento armado ocorrido no estado de São Paulo, entre julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo derrubar o governo provisório de Getúlio Vargas e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
Cachoeira Paulista (na época apenas Cachoeira) após o recuo da linha para as trincheiras de Engenheiro NEIVA teve sua ponte destruída pelos constitucionalistas, para atrasar o avanço dos ditatoriais que vinham de Minas Gerais.
Não devemos esquecer que em nossa cidade Cachoeira paulista, temos o monumento do soldado constitucionalista existente na Praça Prado Filho.A estátua do ex- combatente que simboliza a luta por São Paulo na revolução constitucionalista, que aconteceu entre julho e outubro de 1932, que tinha por objetivo derrubar o Governo Provisório de Getúlio Vargas e a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte.
A Frente do Vale do Paraíba na Revolução de 1932
Ricardo Della Rosa
Desde o início das operações de Guerra em 1932, os paulistas enxergaram na região do Vale do
Paraíba um importante teatro de operações, pois seria por ali que as forças constitucionalistas alcançariam
o Rio de Janeiro para então depor o ditador Getúlio Vargas. Além disso, sendo eixo de ligação entre os
estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro era de vital importância estratégica para ambos os
lados.
Ali se travaram alguns dos mais sangrentos combates do período.
Também conhecida como Frente Norte, a Frente do Vale do Paraíba estava sob o comando do
Coronel Euclydes Figueiredo sob a designação de Segunda Divisão de Infantaria em Operações, ou
simplesmente 2º DIO – que compreendia os destacamentos Coronel Andrade, Coronel Abílio de Resende,
Coronel Paiva Sampaio e o Destacamento Coronel Mario da Veiga Abreu.
Operaram no setor as seguintes tropas paulistas:
Batalhões de Voluntários: Amador Bueno, Borba Gato, Voluntários de Piratininga, José Bonifácio,
Bahia, Jaques Félix (Taubaté); General Osório, 1º de Justiça, Santos Dumont, Saldanha da Gama, 1º
Batalhão de Funcionários Públicos, Arquidiocesano, 7 de Setembro, Piracicabano, Ferroviário, Henrique
Dias (1º Batalhão da Legião Negra), Campos Sales, Liga de Defesa Paulista, Tiro Naval de Santos,
Brigada Minas Gerais, Paes Leme, Bento Gonçalves, Batalhão Operários de Santos, Batista da Luz,
Destacamento Agnelo do Batalhão de Assalto, Falange Acadêmica de Santos, Coluna Capitão Sandim do
Batalhão Marcílio Franco, Batalhão de Marília, Batalhão de Mato Grosso, Batalhão d´Oeste, 1º e 2º
Batalhões de Engenharia do MMDC.
Batalhões da Força Pública e do Estado: 1º, 2º, 5º e 8º Batalhões de Caçadores, 2ª Cia do Corpo de
Bombeiros, 1º e 3º Esquadrões do Regimento de Cavalaria, 4ª Cia Extra, 8º Batalhão de Caçadores da
Reserva, 2º Corpo de Voluntários Auxiliar da Força Pública, 5º Corpo Provisório.
Batalhões do Exército: 4º RC de Quitaúna, 5º RI de Lorena, 6º RI de Caçapava, 4º BC da Capital, 1º,
2º, 4º, 5º, 7º e 9º Batalhões de Caçadores da Reserva, 2º RDC Pirassununga, 5º RCD Castro (Paraná), 2º
GAP de Quitaúna, 2º GAP de Jundiaí, 4º RAM de Itú, 12º RI de Minas Gerais e Trem Blindado Nº 6.
Os paulistas chegaram no túnel da Estrada de Ferro da Central do Brasil, na Mantiqueira já no dia 10
de Julho.
Forças dos Destacamentos Agnelo e Andrade chegaram em Salto e aguardaram mineiros e gaúchos
para juntos entrarem no Rio de Janeiro.
A estratégia paulista previa a rápida conquista da cidade fluminense de Resende, e apoiada por
tropas mineiras, a marcha em direção à cidade do Rio de Janeiro.
Porém com a falta de apoio de Minas Gerais as tropas paulistas demoraram a se mover em
O Trem Blindado TB6 também era conhecido como “O Fantasma da Morte” e teve inúmeras
participações neste setor durante todo o conflito, porém foi a corbertura que proveu para as tropas paulistas,
em Lorena, a sua participação mais importante na guerra.
Equipado com inúmeras metralhadoras e um canhão Krupp de 75 mm, o trem ainda trazia potentes
holofotes que causavam pânico entre as tropas getulistas escondidas pelo breu da noite.
Algumas das principais batalhas travadas no Vale do Paraíba durante a Revolução de 32:
13 de Julho, Cachoeira Paulista: Aviões governistas bombardeiam posições mantidas pelo 4º RI de
Quitaúna. Um segundo vôo sobre a periferia da cidade teria sido destinado a causar desgaste psicológico
na tropa e na população civil.
13 de Julho, Túnel: Símbolo da Frente Norte, a resistência neste local foi épica. Pesadas batalhas
ocorridas em julho e início de agosto foram bravamente repelidas pelas forças paulistas que mantiveram a
posição até setembro.
15 de Julho, Cunha: Civis armados liderados pelo Delegado de Guaratinguetá são recebidos a bala
por fuzileiros navais, que mais tarde recuam para Parati.
19 de Julho, Cunha: Tropas Paulistas posicionam-se no Morro do Divino aonde são atacadas por
quinhentos fuzileiros navais. Os paulistas lutam pela reconquista da cidade.
20 de Julho, Cunha: Amplo ataque paulista resulta na retomada do Morro do Divino Mestre, que dava
domínio sobre a subida de Parati;
22 de Julho, Cachoeira Paulista: Aviões alvejam a ponte sobre o Rio Paraíba.
27 de Julho, Túnel: Os picos Gomeira-Cristal-Itaguaré e Gomeirinha sobre o Túnel de Cruzeiro são a
linha mais alta das defesas paulistas. Atacados desde o dia 1º, acabam abandonados nesta data.
2 de Agosto, Salto: O setor que é fustigado pelos governistas, desde 31 de Julho, é abandonado
pelas tropas paulistas que seguem na direção de Areias e Engenheiro Bianor.
4 e 5 de Agosto, Engenheiro Bianor: Esta estação ferroviária em Queluz muda de mãos rapidamente
nesses dois dias. Quando cai nas mãos dos ditatoriais, recebe a visita nortuna do Trem Blindado que causa
pavor nas tropas adversárias, mas a estação não é retomada pelos paulistas por falta de tropas.
10 e 13 de Agosto, Queluz: A cidade cai nas mãos de tropas governistas no dia 10 e posições destes
no Alto da Lage, Fada Tatá e Capela São Roque, são bombardeadas pela aviação constitucionalista no dia
13.
16 de Agosto, Morro Verde: Ofensiva federal sobre este que era um dos três morros nos quais
estavam baseados a defesa paulista no setor de Vila Queimada. Aviação e artilharia foram usadas
amplamente.
22 de Agosto, Vale do Paraíba na altura da Estrada de Ferro Central do Brasil: Sob terras do
município de Cruzeiro ocorre o primeiro combate aéreo no Brasil. Dois aviões paulistas contra dois
governistas.
23 de Agosto, Guaratinguetá: Bombardeio da cidade por esquadrilha federal.
24 e 25 de Agosto, Vila Queimada: Ataque do Batalhão Voluntários de Piratininga e de Cias. de
Assalto do Destacamento Agnelo. Visavam o Morro da Pedreira ocupado pelos ditatoriais. O Batalhão
Saldanha da Gama completa a tarefa e toma finalmente o estratégico morro.
17 de Setembro, Canas e Lorena: Pesadas cargas de artilharia antecedem a luta em Canas.
O Destacamento Teófilo dispara os últimos cartuchos e se desloca para Lorena, esta é evacuada
durante a tarde e a retirada das tropas paulistas é coberta pelo Trem Blindado e por elementos do Batalhão
Saldanha da Gama.
De um modo geral, a população civil do Vale do Paraíba foi a que mais viveu as consequências
terríveis da luta armada: bombardeios, canhoneios, tiroteios e saques.
Muitas famílias foram obrigadas a abandonar suas casas e propriedades, algumas fechavam portas e
janelas com tijolos e argamassa na tentativa de frustar arrombamentos.
No final da guerra ambos os lados se acusavam desse tipo de pilhagem contra a população civil.
Orígenes Lessa, alistado como voluntário no Batalhão Piratininga, presenciou o saque de uma venda
numa cidade do Vale:
“Soldados de alguns corpos regulares, poucos, é verdade, tinham arrombado a porta e retiravam
caixas de cigarros, doces, linguiças, uma perna magra de porco.
O que é isso gente? Ora, se não fizermos, a baianada faz!”
A retirada das Forças Constitucionalistas foi ainda mais traumática: Pontes e pontilhões foram
arrasados, queimados e dinamitados em cidades como Lavrinhas, Cruzeiro, Silveiras, Pinheiros, Jataí,
Embaú, Cachoeira e Canas.
Apesar de todo esforço paulista, as notícias das vitórias das tropas de Vargas se sucediam
inexoravelmente.
Em outubro, as tropas da Força Pública de São Paulo começaram a abandonar as trincheiras – o que
gerou muita revolta entre os voluntários civis, que acusaram o comando da Força Pública de traição.
Euclydes Figueiredo e o valoroso chefe de seu Estado-Maior, Coronel Palimércio Resende recusamse
a se render e seguem para Mato Grosso na tentativa de organizar novas tropas. Era o fim da luta
armada.
Bibliografia:
DONATO, Hernani. A Revolução de 32. Editora Abril, 1982.
DONATO, Hernani. Dicionário das batalhas brasileiras, Biblioteca do Exército Editora, 2001.
MONTEIRO, Mário. 1932: São Paulo, A máquina de guerra. Redação Final Editora.
PONTES, José Alfredo Vidigal. 1932: o Brasil se revolta. Editora Terceiro Nome, 2004.
VILLA, Marco Antonio. 1932: Imagens de uma Revolução. Imprensa Oficial, 2008.
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Ricardo Della Rosa, 37 é publicitário e colecionador de objetos relativos a Revolução de 1932.
Neto de Mario Della Rosa e Manoel Maia Netto, ambos combatentes de 32, sendo que este último foi
voluntário do Batalhão Piratininga que esteve em combate na região de Queluz e Vila Queimada.
Ricardo mantém o blog http://tudoporsaopaulo1932.blogspot.com/ aonde apresenta semanalmente
objetos históricos da Revolução em fotos nítidas e com grande apelo visual.
O “museu virtual” já foi acessado por mais de 3500 visitantes nos últimos cinco meses sem ser
divulgado por nenhum outro meio a não ser pelas redes sociais na internet.
Seu trabalho foi reconhecido pela Sociedade Veteranos do MMDC de São Paulo como de relevância
a memória da revolução paulista.











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